TAYANE SANSCHRÍ

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Liberdade é sinônimo de que?


Por: Tayane Sanschrí

Quando a minha avó argumenta:

-‘Filha, o seu casamento não deu certo porque você não soube cuidar do seu marido’

Sempre retruco:

-'O que a senhora entende por cuidar do marido, vovó?'

E ela, numa ânsia em dividir suas experiências comigo relata:

-‘Você teria que ter sido mais presente, estar ali do lado, pôr a mesa pra ele, e blá-blá. Onde já se viu isso? Homem dando ordens às secretarias do lar. Por isso que os casamentos de hoje não dão certo. Se seu avô fosse vivo, já teríamos completado bodas de ouro. Sabe, eu esperei seu avô: ele foi para o Rio de Janeiro trabalhar quando eu tinha 14 anos e fiquei a esperá-lo por muitos anos, para nos casarmos. E hoje, tenho boas lembranças dele'.

E ela bem sabe o quanto gosto de cuidar.


O porque dessa reação dela? Por ter aberto mão de um mundo de coisas por um amor que fez ela sofrer por muitos anos. E, até hoje ela se culpa com suas lembranças martirizantes.
Certa parte da história ela pula, literalmente, numa tentativa de fuga .

Sempre digo que se amar for abrir mão da sua felicidade, liberdade e autonomia para fazer tudo o que o outro deseja que você faça, me ferrei, com todos as significações que se possa encontrar para a palavra: FERRADA. Porque neste sentido sou um tanto 'cismada'. Penso em mim. Cuido de mim pra poder cuidar do outro. Se não sinto-me bem, como fingir um cuidado? Se não estou feliz, como fazer o outro feliz?

Não consigo absorver a idéia de que amor é submissão e falta de auto-estima. Não consigo entender que relacionamentos tenham que ser regados à limitações e brigas constantes.
Primeiro, você adquirir uma postura que não seja a sua, com certeza não tornará a sua relação nenhum pouco prazerosa, feliz ou duradoura. A mulher, assim como os homens, têm que gostar de si mesmos, para serem capazes de amar; ou então, nos tornamos mal amados, insatisfeitos ou, na pior das hipóteses: possessivas. Além disso, será que numa relação assim existe amor? Creio que não.

Quando ouço desabafos de pessoas queridas, que têm este tipo de argumento, como minha avó – super preconceituoso, o que respeito - sinto um comichão.

Minha vontade é de parar o planeta.

Como assimilar, por exemplo, que em pleno século XXI (ainda bem que não nasci no século XII,seria queimada), uma mulher de 42 anos, independente, ao menos financeiramente, diante do fim do casamento, com várias evidências de que o seu ex-amado é um grande canalha, tente se convencer, numa postura humilhante, de que ele é o GRANDE AMOR da sua vida? Levando em consideração o argumento de que nasceu para casar uma vez. Ora, nascemos para sermos felizes. Tudo bem que se lute pelo amor, contanto que o outro também queira. Não vale é empurrar a relação com a barriga. porque uma hora ninguém suportará mais.

Pra mim, isso, é falta de amor próprio. Por favor, o grande amor das nossas vidas somos nós mesmos. Se você compreende assim: a relação tende a ser feliz...a dar certo.  Podemos desejar fazer o outro feliz, porque somos felizes ao lado dele (a), mas não sermos felizes só por causa do outro.

Não sou contra os homens.
Sou contra a canalhice (existem também mulheres canalhas).
Tão pouco sou contra o amor. Quero um amor pra vida inteira.
A grande questão é: aprender a aceitar o fim.

Sim, é preciso jogo de cintura de ambas as partes para um relacionamento ir adiante. No entanto, é necessário que, tanto os homens, quanto as mulheres estejam de bem, consigo mesmo, pra continuar. O que não vale, mocinhos, é vocês deixarem de ter autonomia, anular a vossa existência por conta de um amor, que de verdade, deve só existir em suas cabecinhas. Brigas constantes são evidências claras de que a relação acabou. Permita-se ser feliz e deixe o outro ser feliz também. Agindo com tanto egoísmo você só causa o mal pra si e para quem está ao seu lado.

Amar é acima de tudo se respeitar para ser capaz de respeitar o outro.
O amor não anula.
É livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário