TAYANE SANSCHRÍ

domingo, 9 de janeiro de 2011

Relações de amor e ódio



Por Flávio Bastos

As relações afetivas no âmbito humano são um desafio a ser experenciado entre dois seres que apostam a sua felicidade no jogo do amor. No entanto, ao alimentarmos expectativas e ilusões nessa aposta, não percebemos que nos bastidores de cada história de vida existem ingredientes psíquicos em que o desequilíbrio nas relações torna-se "marca registrada" num jogo de regras marcadas pela interferência de sentimentos não resolvidos...

O vazio que resulta das relações afetivas de nível parental (pai, mãe ou substitutos), acompanha o indivíduo para o resto de sua vida. E quando não preenchida essa lacuna pelo processo de autoconhecimento, a dor inconsciente tende a permanecer indefinidamente, até o momento em que o conteúdo psíquico, representado por sentimentos negativos, seja revelado e elaborado à luz da consciência.

Inconscientemente, podemos sublimar ou transferir nas nossas relações de afeto, o vazio que ficou do passado. Mas esses mecanismos só servem para amenizar a sensação de abandono, rejeição ou perda que nos provoca dor e deixa-nos sensíveis e suscetíveis aos desencontros humanos, onde a mágoa, a culpa, o ciúme, a dependência e o sentimento de posse interferem consideravelmente nas relações de amor.

Quando estamos fixados em traumas psíquicos, buscamos desesperadamente no outrem, aquilo que ainda não conseguimos descobrir em nós mesmos, ou seja, a sensação de amor próprio, de paz e de felicidade possível. Sem percebermos, nos ligamos a essa pessoa numa relação de dependência afetiva e passamos a buscar nela o alimento que irá preencher o vazio (fome) de amor que carregamos conosco. Mas como o outrem também carrega consigo, em maior ou menor grau, as suas necessidades de suprimento afetivo, a relação, invariavelmente, tende a empobrecer e frustrar a ambos...

Por esse motivo, as relações de afeto devem começar a partir do olhar que desperta o amor por si próprio... que constrói uma auto-imagem positiva e que elabora uma auto-estima estruturada para as relações interpessoais.

No entanto, sem o acréscimo de qualidade de um certo nível de autoconhecimento, estaremos sempre buscando no outrem aquilo que desconhecemos à luz da consciência, e que, repetidamente, vem nos provocando dor e decepção nas experiências amorosas...

Buscar o saudável nas relações consigo próprio, e com o mundo à sua volta, significa expandir a mente e a alma através do processo de autodescobrimento. Sentir-se aceito, amado e confortavelmente inserido em sua própria realidade interdimensional, exige-nos a percepção de que precisamos para mudar a sintonia do círculo vicioso ao qual estamos de corpo e alma envolvidos. E essa percepção passa, necessariamente, pela vontade própria de sairmos em busca de ajuda terapêutica que consiga contemplar as nossas expectativas de libertação e de crescimento...

Nas relações de amor, somos o que sintonizamos, e essa sintonia pode provocar o ressurgimento de sentimentos negativos a cada nova experiência - e frustar-nos, ou ao contrário, propiciar-nos o autodescobrimento e, como decorrência, a segurança psicológica necessária para avançarmos em relação ao que desejamos no âmbito do relacionamento afetivo-sexual.

Nesse sentido, a percepção de momento provocado por um melhor nível de autoconhecimento, torna-se indispensável para a elaboração do que precisa ser curado nas relações de amor a partir de si próprio...

O verdadeiro amor... energia que contempla o eu e o outrem inseridos na teia cósmica da vida, sinaliza um único significado para a nossa experiência vital: a busca do equilíbrio e a percepção do UNO. Enquanto que o desamor sinaliza o desequilíbrio e a inconsciência como padrão de comportamento nas relações de amor.

Portanto, expandir a mente e a alma em busca do saudável e libertar-se de sentimentos que geram patologias são metas do indivíduo que busca, através do autoconhecimento, o verdadeiro significado do amor.

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