TAYANE SANSCHRÍ

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quando os objetivos são diferentes



Por Dr. Ailton Amélio da Silva

Objetivo do relacionamento” é um assunto obrigatório para aqueles cujos relacionamentos estão sendo iniciados. Por exemplo, você pode estar querendo apenas “ficar” ou uma noitada de sexo casual, enquanto o seu parceiro pode estar querendo um relacionamento mais compromissado: namorar, morar junto e casar. Este tipo de desencontro também pode acontecer quando um relacionamento já em andamento está maduro para progredir para um grau maior de compromisso como, por exemplo, quando um dos membros de um casal que está namorando há um bom tempo está querendo morar junto ou ficar noivo, enquanto o outro está hesitando bastante em dar este passo. Caso esta incompatibilidade seja constatada quando o relacionamento já está em andamento, isto dará margem a grandes decepções, raivas e sofrimentos. Para saber se você já teve um desencontro de objetivos nos seus relacionamentos amorosos, responda as seguintes perguntas:

1- Você costuma perder muito tempo com parceiros que não querem nada sério?
2- Você já “ficou” com alguém que depois não pediu o seu telefone e a deixou frustrada com isso?
3- Você já transou com alguém no primeiro encontro e no dia seguinte a pessoa sumiu?
4- Você já teve um relacionamento amoroso com alguém que se recusava a assumir um grau maior de compromisso?
5- Você já foi acusado de confundir sinais de amizade e gentileza com sinais de interesse amoroso?
5- Algum dos seus parceiros amorosos responderia “Sim” a uma ou mais das perguntas anteriores em relação a você (você é que fez o papel daquele que “fugia” do compromisso)?

Algum dos seus parceiros amorosos responderia “Sim” a uma ou mais das perguntas anteriores em relação a você (você é que fez o papel daquele que “fugia” do compromisso)?

Caso tenha respondido “Sim” a uma ou mais destas questões, você já passou pela experiência de ter um objetivo diferente do de seu pretendente amoroso. Vamos tentar entender melhor este assunto.

Creio que os casos mais freqüentes de desencontros de objetivos acontecem nas “ficadas” e no sexo casual. Nestes dois tipos de relacionamento, um dos parceiros, tanto o homem quanto a mulher, mesmo quando tem o mesmo objetivo inicial que o outro, pode se envolver afetivamente além do que seria esperado para o caso e passar a desejar uma progressão para um maior grau de compromisso, sem ser correspondido pelo outro parceiro. O sexo casual, principalmente, é uma fonte freqüente de discórdia. Geralmente são os homens que querem este tipo de relacionamento. As mulheres freqüentemente se deparam com “caçadores” disfarçados, que só querem sexo. Os homens raramente reclamam quando são elas que assumem este papel. Um dos motivos pelos quais eles não explicitam este objetivo logo no início do relacionamento é porque prevêem que raramente elas o aceitariam. Por isso eles passam a dissimular seus objetivos. As mulheres também raramente declaram logo no início do relacionamento que não querem isso. Elas deixam de fazer esta declaração por vários motivos, tais como pelo temor de quebrar o clima positivo que já foi criado e porque estão com esperança de que o relacionamento possa progredir.

Dois dos principais motivos das diferenças de objetivos são os seguintes:
(1) um dos parceiros só preenche os requisitos mínimos do outro para um tipo de relacionamento e este objetivo está aquém do tipo de compromisso pretendido pelo outro. Por exemplo, uma pessoa só vê em um pretendente qualidades suficientes para “ficar”, mas não para namorar. No entanto, o objetivo deste pretendente é namorar e ficaria muito frustrado com menos do que isso.
(2) um dos parceiros só está disponível para um nível de compromisso que está aquém daquele pretendido pelo outro. Por exemplo, um parceiro acabou de sair de um longo relacionamento e não quer começar a namorar imediatamente. Topa apenas sexo sem compromisso. O objetivo do outro parceiro é namorar.

O primeiro destes motivos, graus de exigências para cada nível de compromisso, foi pesquisado por um cientista americano da Universidade Estadual do Arizona, Douglas Kenrick e seus associados. Estes pesquisadores verificaram que quanto maior o nível de compromisso envolvido em um tipo de relacionamento, maiores são as exigências sobre as qualificações que um pretendente deve atender para ser aceito como parceiro. Para realizar esta pesquisa, estes autores forneceram para os participantes uma lista com vinte e três qualidades indicadas por estudos anteriores como importantes em um parceiro amoroso (inteligência, nível educacional, nível econômico, boa aparência etc.) e pediram para que eles avaliassem o grau de qualificação mínima, em cada uma destas vinte e três qualidades, que exigiriam dos pretendentes para cada um dos seguintes tipos de relacionamentos: um encontro (“date”), uma noite de sexo, namorar e casar. Os resultados deste estudo indicaram que os homens são muito menos exigentes do que as mulheres para se envolverem em relacionamentos com baixos graus de compromisso. No entanto, os seus graus de exigência vão ficando cada vez mais parecidos com os delas à medida que estes graus de compromisso vão aumentando. Por exemplo, os homens são muito menos exigentes do que as mulheres para aceitarem um encontro ou sexo casual e são praticamente iguais a elas quando estão escolhendo um parceiro para fins de casamento.

Alguns sinais que indicam os graus de compromisso que o parceiro está propenso a aceitar

Como muitas vezes não dá para perguntar diretamente ao pretendente quais são as suas intenções (isto pode soar como ansiedade e insegurança ou funcionar como pressão sobre ele) e, mesmo quando isto é possível, não dá para confiar plenamente no que ele diz, alguns autores realizaram uma pesquisa para tentar identificar quais são os principais sinais que diferenciam um homem que só quer sexo daquele que está aberto para um relacionamento mais amplo. Os principais destes sinais são os seguintes:

O homem que só quer sexo:

Tenta transar o mais rapidamente possível. Quer obter sexo o mais rapidamente possível e não quer perder muito tempo com os desvios desta meta. Vai logo tentando colocar as mãos no corpo da parceira, tenta discutir assuntos sexuais, tenta marcar o encontro em um local onde o sexo poderia rolar, tenta fazer a parceira ingerir bebidas alcoólicas, convida para ver um vídeo pornô.

Não fazer planos. Evita os planos de todos os tamanhos, desde um convite para passar o próximo feriado até quantos filhos quer ter.

Não é romântico. Ele não traz flores, não fica tempo olhando nos olhos (olha mais para o corpo da parceira), evita declarações de amor.

Evita conversar sobre temas pessoais. Evita falar de vários setores da vida e não incentiva a parceira para abordar estes temas. Evitar falar de si e não se interessa pela vida familiar e profissional dela.

Não apresenta a parceira para aqueles que fazem parte do seu círculo mais íntimo de relações. Não a apresenta para os amigos e parentes e evita conhecer as pessoas próximas da parceira.

Perde o interesse depois do sexo. Transa com a parceira e, logo em seguida se levanta da cama (nada de conversa e carinhos) e logo quer ir embora. Não telefona nos dias seguintes.

Logo ele tenta se mostrar como um revolucionário dos costumes amorosos. Ele logo se revela um defensor radical do amor livre, do sexo saudável e se posiciona radicalmente contra as instituições e os rituais que administram os compromissos amorosos (“O que altera assinar um papel?”, “Sou contra cerimônias”).


Preste bastante atenção para verificar se os objetivos de seus pretendentes são os mesmos que os seus. Procure confirmar também, durante as conversas, se realmente eles estão motivados para o tipo de relacionamento que se propuseram. Isto não significa que cada parceiro deve estar absolutamente seguro dos seus objetivos logo no início do relacionamento - os objetivos podem evoluir. Existe, no entanto, um grande risco de decepção quando, desde o início, ele é declaradamente diferente do seu. O risco de decepção é ainda muito maior quando uma das partes já tem um compromisso sério com outra pessoa e a parte descompromissada está livre e quer um compromisso sério.

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