TAYANE SANSCHRÍ

sábado, 6 de março de 2010

Traição



Estamos permanentemente vivendo oportunidades de aprendizados e crescimentos a partir de nossas escolhas. Quando não as realizamos de forma consciente e em sintonia com nossa verdade interna, isso se reflete externamente, em nosso corpo físico, em nossos relacionamentos e em todas as situações em que vivemos.


Quando tomamos repetidamente escolhas de forma inconsciente, estes reflexos se manifestam a princípio de forma mais sutil e limitada. Apresentam-se como pequenos mal estares físicos e acidentes, ou em pequenas brigas e desentendimentos em nosso dia-a-dia. Quando não aprendemos a enxergar e compreender as lições que essas situações nos mostram enquanto ainda sinalizam de modo menos intenso, podem se amplificar em doenças graves, grandes perdas ou acidentes, e até mesmo traições afetivas.


Culminação extrema de um longo processo anterior, as traições em relacionamentos nunca acontecem à toa. Sempre apontam uma situação subjacente, essa sim o foco de nossa atenção ao se lidar com a traição. A responsabilidade nunca é exclusivamente do "traidor". Ele pode ter sido o agente ativo, mas o "traído" é também agente, ainda que passivamente.


Ao vivenciar uma traição é importante que, apesar de toda a dor, se encare conscientemente a situação. Acesse o processo subjacente buscando sua própria responsabilidade nele. A principal pergunta não é "Porque ele(a) fez isso?" ou "O que eu fiz de errado?", mas "O que essa traição mostra sobre mim? Que questões minhas estão envolvidas na situação?". Evite a armadilha de culpar o outro ou a si mesmo, pois isso também significa negação e fuga, apenas agravando a situação."Evite a armadilha de culpar o outro ou a si mesmo, pois isso também significa negação e fuga, apenas agravando a situação."


Uma vez detectada sua questão, assuma sua responsabilidade, enxergue e aceite a situação como ela realmente é. Saia do papel de vítima e de culpa, e comprometa-se com você mesmo em enxergar e aprender efetivamente a lição implícita na situação. Você pode procurar ajuda terapeutica e orientação profissional. Não importa qual o caminho escolhido, mas ao realizar esse compromisso, concretize-o em ações e nas transformações necessárias.


Perdoar uma traição significa antes de tudo, perdoar a si mesmo: aceitar sua verdade e assumir seu aprendizado na situação. Só assim será capaz de enxergar a verdade do outro e assim, perdoá-lo. Se isso significa que vai haver reconciliação ou não, não importa. Sem o autoperdão, a lição que a traição veio mostrar continua não aprendida. A raiz da traição continua não resolvida dentro de você, e futuramente ela se mostrará novamente em outra situação desagradável, ou até mesmo em outra traição, seja com o mesmo parceiro ou com outro.


Entrar em contato com a raiz da traição dentro de si pode ser extremamente doloroso. Se até o momento houve negligência em relação a essas questões, bem provavelmente elas não devem ser fáceis de se encarar. No entanto, por mais dolorido que seja o processo, mergulhe e liberte-se. Encare suas lições ao invés de mascarar a dor. Vá ao âmago da questão principal e resolva não só essa traição, mas todas as situações que antes dela vieram. Liberte-se para vivenciar um futuro com novas experiências mais agradáveis.

Reflexões que auxiliam a esclarecer sua responsabilidade e suas escolhas

Como eu me coloco no relacionamento? Minha postura é agressiva? Ou muito passiva? Tenho muito medo de perder meu(inha) parceiro(a)? Faço de tudo para não abrir mão do relacionamento? Há questões mal resolvidas com meu parceiro? Que comportamentos e atitudes minhas contribuíram para que se tornassem mal resolvidas? Quais questões do relacionamento tenho evitado lidar? Quero e estou disposto a tentar resolvê-las? Meu parceiro está pronto para um compromisso de fidelidade? Estou disposto e tenho estrutura emocional para (re)construir esse compromisso? Construo ilusões e expectativas com base nos meus sonhos e espero que meu parceiro atenda a elas?

(Ceci Akamatsu - Terapeuta acquântica)

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